Realmente não entendo o celeuma entre algumas pessoas que
defendem o Halloween (ou Dia das Bruxas) e as que defendem a pureza da cultura
Brasileira contra a “americanização” das datas festivas. As aspas da frase anterior
estão lá conscientemente[1].
Dizer que o Halloween é uma festa americana é uma grande bobagem. Dizer que é
uma festa em comemoração ao demônio ou às bruxas me parece maior bobagem ainda.
A cegueira com a qual alguns combatem o malévolo Estados Unidos (como se fosse
uma entidade - cheguei a ler com horror celebrações pelas mortes causadas pelo
furacão Sandy. “Eram americanos. Bem-feito”.) talvez as desanime a tentar
pesquisar sobre a data. Halloween não surgiu nos EUA. Halloween não é só sobre
fantasias e doces e Halloween não foi uma data inventada para aquecer o
comércio em épocas de vendas mornas, como o Dia dos Namorados em junho, por
exemplo[2].
"Dia das bruxas" não é utilizado pelos povos de língua inglesa, sendo essa uma designação apenas dos povos de língua portuguesa. É claro que nos EUA (até devido ao seu tamanho) é onde a festa tem mais proeminência. Mas torcer o nariz para escolinhas de inglês que celebram o Halloween e eventuais festas a fantasia que pipocam aqui e acolá (felizes estão as lojas de locação de trajes) me parece recalque misturado com complexo de inferioridade. Assim como me pareceu o mesmo marcar o Dia do Saci bem no dia do tal Hallow Evening.
A festividade surgiu na Europa e depois foi incorporada pela
igreja Católica como o "Festum
omnium sanctorum" em honra a todos os santos, conhecidos e
desconhecidos. Durante toda a Idade Média era popular a crença de que, nesse
dia, as almas no purgatório podiam aparecer em forma de fogo-fátuo, bruxa,
sapo, e até saci, se duvidar.
Outras tradições como enfeitar árvore de Natal, dar ovos de
páscoa, e até o carnaval foram importadas e não vejo ninguém fazendo mimimi
anti-carne vale nos dias que
antecediam a Quarta-feira de Cinzas.
"Dia das bruxas" não é utilizado pelos povos de língua inglesa, sendo essa uma designação apenas dos povos de língua portuguesa. É claro que nos EUA (até devido ao seu tamanho) é onde a festa tem mais proeminência. Mas torcer o nariz para escolinhas de inglês que celebram o Halloween e eventuais festas a fantasia que pipocam aqui e acolá (felizes estão as lojas de locação de trajes) me parece recalque misturado com complexo de inferioridade. Assim como me pareceu o mesmo marcar o Dia do Saci bem no dia do tal Hallow Evening.
Isso aqui não é uma defesa do Halloween em si (nem o acho
tão interessante, tirando que sou fã dos episódios do Snoopy que mostram o tema
– e tantos outros também), e sim da forma de pensamento excludente versus inclusivo. Quer celebrar o Saci,
a Cuca, a Caipora, a Vaca Amarela? Eu acho realmente muito legal. Mas fez parte
de mim sempre achar que quanto mais diverso melhor. As sociedades só crescem e
se desenvolvem, inclusive culturalmente, através do intercâmbio de ideias e
troca de experiências. Isso não é de agora e não acabará hoje graças a
choradeira de alguns inter-chatos. Tentar se fechar é chato. Tentar se abrir é
bacana. Excluir é chato. Incluir é bacana. Mais fácil agora, cara-pálida?